FUTEBOL FICA SEM O CARISMO DE OLAVO
A primeira geração dos Meninos da Vila santistas, campeões paulistas em 1978, perdeu um de seus pais. Morreu, ontem ( 12/03/2004 ) por volta das 08H15M, aos 76 anos, o ex-jogador Olavo Martins de Oliveira.
Nascido em Santos, em 09/11/1927, ele deu seus primeiros chutes na várzea, no Cunha Moreira, e começou profissionalmente na Portuguesa Santista (1948-1952) e passou também por Corinthians (1952-1960), Santos (1961-1966) e Náutico (1964). O enterro será hoje, às 8 horas, no Cemitério da Filosofia, do Saboó.
Como fazia todas as manhãs, foi caminhar na praia (ele morava no bairro da Encruzilhada) e comprar o jornal. Durante o caminho de volta, já perto de casa, começou a sentir dores no peito e acabou levando um tombo. Era um enfarto fulminante.
Uma vizinha ainda chamou a viatura do Resgate e avisou a esposa Hermelinda, casada com Olavo há 51 anos, que o acompanhou. Levado para a Santa Casa de Misericórdia, não resistiu. “Ele já havia sofrido um problema de coração há sete anos. Tinha feito exames recentemente e não acusou nada. Ainda assistiu ontem pela TV a Santos e Barcelona”, contou a esposa, visivelmente emocionada, acompanhada dos filhos Denise e Olavo, além das netas Renata e Paula.
Adjetivos
Simples, humilde e calmo. Os três adjetivos serviriam para qualificar com perfeição a personalidade de Olavo. Na mesma proporção vinha o conhecimento do futebol. “Era um zagueiro viril, mas leal”, relembra Formiga, que o enfrentou muitas vezes, pelo Santos, contra o Corinthians.
Os dois também estavam juntos na estréia de Olavo na Seleção Brasileira, em 1955, no empate por 2 a 2 diante do Paraguai, no Pacaembu, pela Taça Oswaldo Cruz, além da convivência nas seleções paulistas e no próprio Santos.
Na equipe do Parque São Jorge, Olavo viveu seus melhores anos. Foi campeão paulista em 1952 e 1954,esta última a histórica conquista do IV Centenário de São Paulo, além do título da Pequena Copa do Mundo, na Venezuela, em 1953. Chegou a fazer 146 partidas consecutivas pelo Corinthians.
Só que na Vila Belmiro curtiu seus mais importantes troféus: o bi da Libertadores e do Mundial Interclubes. Ele participou da goleada por 5 a 2 sobre o Benfica, na decisão do Mundial de 1962, partida considerada a melhor da história do clube. No Náutico, também faturou um título pernambucano.
Reencontro
Depois de ser corretor de café por dois anos, os destinos de Olavo e Formiga voltariam.a se encontrar. De 1971 a 1977 foi treinador das equipes de base do Santos. Chegou até a comandar o time principal por três meses, em 1976. Depois, aposentou-se como monitor-técnico da escolinha de futebol da Prefeitura Municipal.
Nessa época começou a comandar no juvenil uma geração que daria trabalho aos adversários dali a poucos anos nas mãos de Formiga no profissional: os Meninos da Vila. “Foi Seo Olavo que me trouxe de Cubatão para o Santos. Era como um pai para mim”, relembra Pita, um dos rebentos mais talentosos da prole composta, dentre outros, por Juary, Gilberto Costa e Rubens Feijão. “Muitas vezes ele me dava passe de ônibus para ir ao treino”, revelou. Assim como os Meninos da Vila de 78, também estão mais órfãos os que admiram a história do futebol.
Por Ted Sartori
Fonte: Jornal A Tribuna de Santos, edição de 13/04/2004
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