Nasceu em 12/10/1917 na cidade de Santos.
Descendente de espanhóis, teve certamente em seu pai o campeão de ciclismo da década de 1910, Félix Florez Nieto, sua principal inspiração para uma vida de aventuras e emoções, pois ainda menino formou-se escoteiro, e aos 15 anos, com a eclosão da Revolução Constitucionalista de 1932, colocou-se a serviço dos revoltosos santistas, levando em sua bicicleta, mensagens entre os destacamentos sediados na cidade.
Foi um período difícil para a população de Santos, que atemorizada, assistia ao bloqueio e minagem do porto, além de frequentes combates aéreos sobre a cidade que culminaram com bombardeios ao Forte Itaipú e lançamento de bombas sobre os arredores de Cubatão.
Talvez tenha surgido desta experiência, a fascinação do jovem escoteiro pela aviação, pois passada esta fase de crise, juntou-se ao amigo Abel e construíram um rudimentar planador, que rebocado por um carro nas praias de Santos, assombrava a todos quando arremetia e pairava perigosamente sobre as ondas levando a bordo o ousado aprendiz de piloto Odair Florez.
Mas, segundo sua prima Marisa, seu pai não via com bons olhos as façanhas aéreas do filho: queria-o trabalhando em terra firme, na Leoneza – a fábrica de doce de bananas que a família fundara em 1904. Odair encontra então um jeito para voltar a voar, e voar com seus próprios braços: o salto de trampolim.
Na época, o Clube de Regatas Saldanha da Gama oferecia em sua sede, dormitórios aos seus atletas do remo e natação, e defronte ao clube, dentro do canal, construíra em 1923 um trampolim de madeira, cenário que se tornou perfeito para Odair Florez voltar a voar.
Foi tudo muito rápido, orientado pelo melhor atleta da modalidade no Brasil na época, Hermann Palmeira Martins, ” o Maninho “, Odair alcançou resultados surpreendentes, e entre 1936 e 1939 foi campeão brasileiro e estadual de saltos ornamentais, não sendo convocado para as Olimpíadas de Berlim, apenas por causa de um exame médico.
Esta frustração no esporte, segundo seu filho Ricardo, levou-o de volta aos sonhos da aviação, e com a ajuda de uma tia, conseguiu pagar um curso de aviador, obtendo aos 19 anos condições de finalmente voar de verdade.
Por volta de 1940, abandonou o definitivamente o esporte para dedicar-se a aviação comercial. Chegou a ser instrutor de aviação e a participar da II Guerra Mundial em vôos de patrulhamento, mudando-se depois para o interior de São Paulo, onde atuou na aviação agrícola, atividade em que se aposentou após 40 anos de trabalho. Do seu casamento com Célia Guerra Florez, uma destacada nadadora santista da época, teve seis filhos: Ricardo, Roberto, Regina, Renato, Rui e Raul.
Sua filha Regina, com quem residia em Mongaguá, nos relatou que, já aposentado e submetido a uma cirurgia cardíaca há cerca de dez anos, nosso eterno campeão ficou viúvo e passava seu tempo recordando com saudades os bons momentos de sua vida esportiva e profissional ao lado da família.
Odair Florez faleceu dia 24 de maio de 2009, em Santos, poucos dias antes do Almanaque Esportivo localizá-lo, pois tentávamos concluir sua biografia esportiva há algum tempo.
Agradecemos ao empenho de seus parentes na região: o primo sr. Nívio Florez, a seus filhos Regina e Ricardo, sua neta Bianca, sua tia Ondina e a sua prima Marisa, tão gentis em fornecer valiosas informações sobre a fascinante história da vida de Odair Florez.
por Gilmar Domingos de Oliveira
Fontes: edições do jornal A Tribuna da década de 1930, e depoimentos de familiares.
ATENÇÃO
O Almanaque Esportivo de Santos está procurando informações que enriqueçam esta biografia. Caso você possua documentos, reportagens ou fotografias, ou apenas possa contribuir com seu depoimento, entre em contato conosco: gilmardoliveira@gmail.com ou ligue para (13) 3273-7295.