*25 de junho de 1897 + 1971 (?)
Pelo Decreto 4547 de 18/03/1975 o Prefeito Dr. Antonio Manoel de Carvalho outorgou o nome do Dr. Amílcar Mendes Gonçalves à rua aberta entre a Av. Conselheiro Nébias e a Rua Oswaldo Cruz, no prolongamento da Rua Azevedo Sodré.
O Dr. Amílcar Mendes Gonçalves foi nome que engrandeceu a nobre classe dos advogados em Santos.
Exerceu durante cerca de 40 anos a profissão neste município, como autêntico mestre de Direito Civil e Comercial . Foi seu companheiro de escritório o Dr. Valdomiro Silveira, que veio a tornar-se seu sogro, pois casou com Da. Júlia Silveira, uma mulher de aprimorados predicados culturais. Mais tarde seu companheiro de escritório foi o Dr. Idelfonso Rodrigues da Silva e posteriormente o Dr. Harold Mc`Cardel.
Por ocasião da Revolução Constitucionalista de 1932, Amílcar foi um dos Censores, e o chefe deste serviço, o Dr. Valdomiro Silveira.
Um dos seus irmãos, Ricardo Mendes Gonçalves, tornou-se um dos principais poetas paulistas.
Amílcar, que desapareceu cedo, foi cidadão de talento humanístico e probo.
NOTA : Texto extraído do livro “ História das Ruas de Santos “ Biblioteca Municipal de Santos.
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BIOGRAFIA ESPORTIVA ( * )
“ Foi no futebol, quando não contava mais que 8 ou 9 anos, que Amílcar iniciou sua carreira esportiva. Tinha por essa modalidade de esporte, uma verdadeira fascinação, uma atração irresistível. O futebol, que era o esporte de então, estava nas suas veias ; era sua paixão dominante; jogava como que por instinto.
A sua carreira futebolística foi curta, mas intensa. No antigo Velodrom, que ficava bem nos fundos de sua casa e … fazia parte dos seus domínios, defendeu as cores do “ Paulistano “ , aí pelo ano de 1907. Naquela ocasião, já a grandeza do coração de Amílcar dava mostras do quanto era espontânea, inata, numa demonstração de generosa simplicidade infantil: os seus pequenos amigos entravam como convidados seus, pelos “ fundos “ , para assistir aos jogos, o que queria dizer – não pagavam, entrada . E, não somente seus pequenos amigos; os baleiros também entravam … “
… Na Europa, Amílcar tomou parte em disputas de responsabilidade. Na Bélgica, em Liége, em um quadro composto só de brasileiros, ao lado de seu irmãos Asdrúbal ( Bibi) e Roberto , fez furor, vencendo os estudantes de todas as outras nacionalidades. Jogou futebol em Paris, Londres, chegando mesmo, na Suíça, a integrar o selecionado da Suíça Francesa, numa disputa com o da Suíça Alemã. No Brasil jogou sempre pelo “ Clube Atlético Paulistano “ no primeiro quadro, ao lado do grande Rubens Sales, de Mário Andrate, Formiga, Friedenreich, Orlando Pereira e outros azes.
No tênis, embora tenha pegado primeiramente na “ raqueta “ uma ou outra vez na Suíça e na França, foi em São Paulo, no ano de 1921, que começou a praticar com assiduidade o aristocrático esporte no “ São Paulo Tênis “ em uma quadra cimentada e quase sem recuo. Nesse clube, em 1923, conseguiu levantar o campeonato de barragem da 1ª. Série pela Federação Paulista de Tênis, e , em 1930, chegou mesmo a ocupar o 7º. Lugar na classificação oficial o Estado de São Paulo. Hoje, Amílcar, apesar de veterano, é , ainda, um bom 2ª. Série.
Em 1926, vindo a residir em Santos, aqui fundou, ao lado de Léomil, Sartini, N. Fortunato, Paulo de Suplicy, Max Berringer e mais um pequeno grupo de afeiçoados do tênis, o nosso Tênis Clube, o seu querido Tênis Clube de Santos, o mais completo e dos mais perfeitos clubes do Brasil inteiro, ao qual dedica um carinho todo especial, sem limites, um carinho paternal, e onde até a vinda de Jiro Fujikura, somente uma ou duas vezes deixou de ser o número 1, vencendo sempre o seu Campeonato Interno.
No ano passado, ( 1942 ) sagrou-se campeão nos Jogos Abertos do Interior, sobrepujando com a turma de Santos, composta de Rodolfo Mourão, Gim Góia, Vadico e Paulo Pinheiro, os fortes conjuntos de Ribeirão Preto e Campinas…
Este ano, capitaneando, como de costume, a turma do “ Tênis Clube “, acaba de sagrar-se, agora mesmo, campeão nos Jogos Abertos da Cidade e na 3ª. Série da Federação Paulista de Tênis, depois de um rosário de árduas competições, nas quais, ao seu lado, é de justiça que se diga , também se salientou a atuação brilhante dos futurosos Rodolfo Mourão e Vadico, e se evidenciou a fibra de Antonio Lotufo.
Prevalecendo-se da feliz oportunidade de hoje, a Diretoria homenageará, dentro em pouco, todos esses campeões, glórias do tênis brasileiro, oferecendo-lhes valiosos prêmios.
… Em matéria de esporte, o nosso Tênis Clube – O Tênis Clube de Santos – deve a Amílcar quase tudo, para não dizer tudo. Organizando, de início, o seu Regulamento Interno, Amílcar foi modelar. Posso afirmar-vos, eu que tenho lido e relido esse regulamento repetidas vezes, que ele é perfeito. A sua execução, letra por letra, fará dentro do Clube a mais absoluta profilaxia de aborrecimentos.
… Amílcar Mendes Gonçalves é o modelo mais perfeito de disciplina. Imitemos, pois, Amílcar, o “ homem de ouro “ de que nos fala Platão.
… Em nome da Diretoria e de todo o Tênis Clube de Santos , eu o saúdo, meu caro Dr. Amílcar Mendes Gonçalves .
* ( Discurso do Dr. Theófilo Cerqueira durante descerramento de placa de batismo da quadra no. 1 no Tênis Clube de Santos, que recebeu o nome do homenageado.)
NOTA : Texto extraído da revista Tênis Ilustrado – Edição 1943
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