Amilcar Mendes Gonçalves

Advogado estabelecido em Santos em 1926, especializado em direito trabalhista e comercial . Participou da fundação do Tênis Clube de Santos, e das Associações Culturais, Aliança Francesa e Cultura Inglesa em Santos. Além de entusiasta do tênis, foi também um dos seus principais ativistas. Participou dos Jogos Abertos do Interior durante quatro anos seguidos, chegando às finais em todas ocasiões, trazendo para Santos quatro medalhas: uma de ouro, duas de prata e uma de bronze.

*25 de junho de 1897         +  1971 (?)

Pelo Decreto 4547 de 18/03/1975 o Prefeito Dr. Antonio Manoel de Carvalho outorgou o nome do Dr. Amílcar Mendes Gonçalves à rua aberta entre a Av. Conselheiro Nébias e a Rua Oswaldo Cruz, no prolongamento da Rua Azevedo Sodré.

O Dr. Amílcar Mendes Gonçalves foi nome que engrandeceu a nobre classe dos advogados em Santos.

Exerceu durante cerca de 40 anos a profissão neste município, como autêntico mestre de Direito Civil e Comercial . Foi seu companheiro de escritório o Dr. Valdomiro Silveira, que veio a tornar-se seu sogro, pois casou com Da. Júlia Silveira, uma mulher de aprimorados predicados culturais. Mais tarde seu companheiro de escritório foi o Dr. Idelfonso Rodrigues da Silva e posteriormente o Dr. Harold Mc`Cardel.

Por ocasião da Revolução Constitucionalista de 1932, Amílcar foi um dos Censores, e o chefe deste serviço, o Dr. Valdomiro Silveira.

Um dos seus irmãos, Ricardo Mendes Gonçalves, tornou-se um dos principais poetas paulistas.

Amílcar, que desapareceu cedo, foi cidadão de talento humanístico e probo.

NOTA : Texto  extraído do livro “ História das Ruas de Santos “  Biblioteca Municipal de Santos.

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BIOGRAFIA ESPORTIVA  ( * )

“ Foi no futebol, quando não contava mais que 8 ou 9 anos, que Amílcar iniciou sua carreira esportiva. Tinha por essa modalidade de esporte, uma verdadeira fascinação, uma atração irresistível. O futebol, que era o esporte de então, estava nas suas veias ; era sua paixão dominante; jogava como que por instinto.

A sua carreira futebolística foi curta, mas intensa. No antigo Velodrom, que ficava bem nos fundos de sua casa e … fazia parte dos seus domínios, defendeu as cores do “ Paulistano “ , aí pelo ano de 1907. Naquela ocasião, já a grandeza do coração de Amílcar dava mostras do quanto era espontânea, inata, numa demonstração de generosa simplicidade infantil: os seus pequenos amigos entravam como convidados seus, pelos “ fundos “ , para assistir aos jogos, o que queria dizer – não pagavam, entrada . E, não somente seus pequenos amigos; os baleiros também entravam … “
… Na Europa, Amílcar tomou parte em disputas de responsabilidade. Na Bélgica, em Liége, em um quadro composto só de brasileiros, ao lado de seu irmãos Asdrúbal ( Bibi) e Roberto , fez furor, vencendo os estudantes de todas as outras nacionalidades. Jogou futebol em Paris, Londres, chegando mesmo, na Suíça, a integrar o selecionado da Suíça Francesa, numa disputa com o da Suíça Alemã. No Brasil jogou sempre pelo “ Clube Atlético Paulistano “ no primeiro quadro, ao lado do grande Rubens Sales, de Mário Andrate, Formiga, Friedenreich, Orlando Pereira e outros azes.

No tênis, embora tenha pegado primeiramente na “ raqueta “ uma ou outra vez na Suíça e na França, foi em São Paulo, no ano de 1921, que começou a praticar com assiduidade o aristocrático esporte no “ São Paulo Tênis “ em uma quadra cimentada e quase sem recuo. Nesse clube, em 1923, conseguiu levantar o campeonato de barragem da 1ª. Série pela Federação Paulista de Tênis, e , em 1930, chegou mesmo a ocupar o 7º. Lugar na classificação oficial o Estado de São Paulo. Hoje, Amílcar, apesar de veterano, é , ainda, um bom 2ª. Série.

Em 1926, vindo a residir em Santos, aqui fundou, ao lado de Léomil, Sartini, N. Fortunato, Paulo de Suplicy, Max Berringer e mais um pequeno grupo de afeiçoados do tênis, o nosso Tênis Clube, o seu querido Tênis Clube de Santos, o mais completo e dos mais perfeitos clubes do Brasil inteiro, ao qual dedica um carinho todo especial, sem limites, um carinho paternal, e onde até a vinda de Jiro Fujikura, somente uma ou duas vezes deixou de ser o número 1, vencendo sempre o seu Campeonato Interno.

No ano passado, ( 1942 ) sagrou-se campeão nos Jogos Abertos do Interior, sobrepujando com a turma de Santos, composta de Rodolfo Mourão, Gim Góia, Vadico e Paulo Pinheiro, os fortes conjuntos de Ribeirão Preto e Campinas…

Este ano, capitaneando, como de costume, a turma do “ Tênis Clube “, acaba de sagrar-se, agora mesmo, campeão nos Jogos Abertos da Cidade e na 3ª. Série da Federação Paulista de Tênis, depois de um rosário de árduas competições, nas quais, ao seu lado, é de justiça que se diga , também se salientou a atuação brilhante dos futurosos Rodolfo Mourão e Vadico, e se evidenciou a fibra de Antonio Lotufo.

Prevalecendo-se da feliz oportunidade de hoje, a Diretoria homenageará, dentro em pouco, todos esses campeões, glórias do tênis brasileiro, oferecendo-lhes valiosos prêmios.

… Em matéria de esporte, o nosso Tênis Clube – O Tênis Clube de Santos – deve a Amílcar quase tudo, para não dizer tudo. Organizando, de início, o seu Regulamento Interno, Amílcar foi modelar. Posso afirmar-vos, eu que tenho lido e relido esse regulamento repetidas vezes, que ele é perfeito. A sua execução, letra por letra, fará dentro do Clube a mais absoluta profilaxia de aborrecimentos.
… Amílcar Mendes Gonçalves é o modelo mais perfeito de disciplina. Imitemos, pois, Amílcar, o “ homem de ouro “ de que nos fala Platão.
… Em nome da Diretoria e de todo o Tênis Clube de Santos , eu o saúdo, meu caro Dr. Amílcar Mendes Gonçalves .

* ( Discurso do Dr. Theófilo Cerqueira durante descerramento de placa de batismo da quadra no. 1 no Tênis Clube de Santos, que recebeu o nome do homenageado.)

NOTA : Texto extraído da revista Tênis Ilustrado – Edição 1943

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